Entenda mais sobre a
Psicossomática

A psicossomática é a área da ciência que estuda o impacto dos aspectos emocionais no corpo físico. Tratar o emocional é tão importante quanto tratar o corpo físico, já que ambos interagem em uma via de mão dupla. As doenças psicossomáticas são manifestações físicas que podem ocorrer como resultado de fatores emocionais, psicológicos e sociais. Eles envolvem uma interação complexa entre corpo-mente-espírito.
As causas desses sintomas são multifatoriais. A ansiedade, crenças, estresse crônico, depressão e outras condições emocionais podem desencadear uma resposta fisiológica no corpo, afetando diretamente órgãos e sistemas. Os sintomas ginecológicos psicossomáticos podem variar desde desconforto leve até condições mais graves. Alguns dos sintomas comuns incluem dores abdominais, cólicas menstruais intensas, irregularidades menstruais, tensão mamária, secura vaginal, dificuldade em atingir o orgasmo, sintomas desagradáveis da menopausa entre outros.
O corpo fala, nós só precisamos aprender a escutá-lo. Para compreender essa linguagem explico um pouco de neurociência. Vamos considerar uma divisão didática (e extremamente simplificada) do cérebro em duas porções, uma “nova” e uma “antiga”.
O "cérebro novo” fica localizado logo atrás da testa, chamado de córtex pré-frontal, e na parte mais externa do cérebro. É mais recente em termos evolutivos. Responsável por fazer listas, contas complexas e a nossa comunicação verbal. Também toma decisões técnicas e racionais. É o nosso Eu consciente. Como é novo, lento e gasta muita energia, as decisões automáticas ou menos importantes são deixadas à porção “antiga”.
O “cérebro antigo” fica na porção posterior e interna do cérebro. É responsável por filtrar as informações do ambiente e passar para o consciente apenas aquilo que é considerado importante (cerca de 2% das informações à que somos expostas). Toma decisões rápidas e padronizadas. É rápido, gasta pouquíssima energia e está ativo 100% do tempo (mesmo durante o sono). Faz a interpretação de expressões faciais e corporais dos outros, além de ter uma área de reconhecimento do próprio corpo. O cérebro “antigo” é não verbal, ou seja, trabalha por símbolos. É o nosso Eu inconsciente.
Absolutamente tudo à que somos expostas é processado pelo conjunto cerebral. Desde a água que bebemos, o que comemos, o quanto dormimos, os nossos relacionamentos e até os nossos pensamentos. Nossa história, hábitos, crenças, absolutamente tudo. O corpo, em sua infinita sabedoria, fica nos chamando atenção quando algo diferente ou importante acontece. Mas como o cérebro “antigo" é quem filtra o que é importante o suficiente para que o cérebro “novo" perceba conscientemente, via de regra a informação é simbólica e não verbal.
Então essa informação vem como um sintoma. Uma dor de cabeça, uma constipação, uma lesão de pele, ciclos irregulares ou qualquer outro sinal ou sintoma. A isso chamamos de psicossomática: a manifestação no corpo físico de algo que se passa no complexo corpo-mente-espírito.

Compreende a sutileza e sabedoria do corpo? Se existe um sintoma, ele existe por uma razão. O tratamento complementar aqui é compreender o que está doença veio mostrar e ensinar. O estresse crônico por motivos reais ou cenários imaginários, por exemplo, pode levar ao desequilíbrio hormonal e a alterações nos ciclos menstruais.
A tensão emocional acumulada pode resultar em contrações musculares na região pélvica, causando dores e desconfortos na relação sexual. Experiências traumáticas, como abuso sexual ou violência, podem deixar marcas emocionais profundas que se manifestam como vaginosmo, vulvodínea, candidíase e herpes de repetição, entre outros sintomas físicos.
O que a boca cala, a vagina fala. Não lembro de algum dia ter atendido uma mulher com candidíase de repetição (ou qualquer problema genital de repetição) que não estivesse a sofrer as consequências de uma imensa falta de limites. Quando se estuda psicossomática, aprendemos que os sintomas que o corpo mostra são a concretização simbólica da nossa interpretação da realidade. As grandes perguntas que nos mostram por onde começar a investigar:
1.) O que este sintoma me obriga a fazer?
2.) O que este sintoma me impede de fazer?
Assim começamos a compreender o que uma herpes genital que sempre volta pode fazer com a vida de uma mulher: Está sendo obrigada a parar de trabalhar para fazer um banho de assento? Será que este trabalho não a está consumindo? Está sendo obrigada a cortar doces? Será que você não está descontando a ansiedade na comida ao invés de olhar para o que a deixa ansiosa? Atrapalha a vida sexual? Será que essa relação precisa ser repensada? A impede de usar absorventes? Será que observa o que usa e como trata o próprio corpo? Será que sua relação com o feminino precisa ser reajustada? Será que está muito desconectada do seu corpo?
Perceba, o corpo nos mostra o que precisa ser visto. Crenças que já não fazem sentido, hábitos nada saudáveis, relacionamentos abusivos, falta de limites, tudo isso pode se manifestar como um sintoma ou uma doença. Enquanto esse aspecto não for visto e corrigido, o sintoma vai sempre retornar.
É importante ressaltar que o tratamento pode envolver uma abordagem multidisciplinar, incluindo acompanhamento médico especializado, terapia psicológica, fisioterapia e técnicas de relaxamento.