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Menopausa: todo fim significa um novo começo

Nossos cérebros passam por várias transições hormonais ao longo da vida: puberdade, gravidez e, por fim, perimenopausa. No entanto, enquanto puberdade e gravidez são acompanhadas por uma explosão hormonal, a menopausa é vista como um declínio — o "começo do fim".

Historicamente, tanto a cultura quanto a ciência têm negligenciado uma visão realista sobre a menopausa, enfatizando os aspectos negativos e ignorando os positivos. A falta de uma compreensão adequada de como a menopausa se encaixa no contexto mais amplo da vida de uma mulher deixa de considerar as perspectivas das próprias mulheres que vivenciam essa fase e dos dados científicos mais recentes.

Ao explorar a menopausa sem preconceitos, descobrimos que ela é apenas mais uma etapa da vida, semelhante à puberdade e à gravidez.

Durante a puberdade, gravidez e perimenopausa, o sistema neuroendócrino é ativado e desativado em diferentes estágios da vida reprodutiva. Por exemplo, mudanças na temperatura corporal, humor, sono, libido e desempenho cognitivo são comuns nas três fases. Contudo, a percepção cultural é distinta: enquanto a puberdade e a gravidez são vistas com otimismo, a menopausa é frequentemente tratada com desdém ou indiferença.

Enquanto nas duas primeiras fases se celebra e se oferece suporte, as mesmas atitudes não são aplicadas à menopausa. A falta de um vocabulário adequado para descrever a gama de sintomas da menopausa dificulta o diagnóstico e o tratamento.

A compaixão que existe para outras fases da vida feminina muitas vezes falta quando o assunto é menopausa, o que faz com que essa fase seja vista como um momento de desespero, quando, na verdade, a biologia pode oferecer um novo propósito e significado.

Assim como na puberdade e na gravidez, o cérebro passa por mudanças durante a menopausa, talvez eliminando conexões desnecessárias e desenvolvendo novas habilidades que se alinham com a nova fase da vida. Existe a possibilidade de que a menopausa reconfigure o cérebro para melhor nos preparar para os anos posteriores, oferecendo uma nova perspectiva e propósito, algo que a sociedade ainda precisa reconhecer e valorizar plenamente.

Qualquer grande transição na vida pode ser uma oportunidade de renovação, mesmo que o caminho seja difícil. Enquanto no mundo ocidental se acredita que a menopausa nos priva de muitas coisas, a história não contada é que ela também nos presenteia com novas dádivas.

Uma dessas dádivas é a felicidade. Surpreendentemente, mulheres pós-menopáusicas geralmente são mais felizes do que as mais jovens e mais felizes do que eram antes da menopausa.

Diversos estudos destacam os benefícios da menopausa, como uma melhor saúde mental e maior satisfação com a vida. No projeto Australian Women’s Healthy Ageing Project, por exemplo, mulheres pós-menopáusicas relataram melhoras no humor, mais paciência, menos tensão e um sentimento de menos isolamento ao entrarem nos 60 e 70 anos.

Estudos na Dinamarca mostram resultados semelhantes, com 62% das mulheres pós-menopáusicas relatando um forte senso de bem-estar, e cerca de metade afirmando que estavam tão felizes quanto em qualquer outra fase da vida. O estudo Jubilee Women no Reino Unido encontrou que 65% das mulheres pós-menopáusicas estavam mais felizes do que antes da menopausa, sentindo-se mais independentes e com melhores relacionamentos.

Esses insights desmentem o estereótipo da mulher pós-menopáusica infeliz e insatisfeita. Ao contrário das suposições populares, as evidências indicam uma relação mais complexa entre menopausa e satisfação com a vida. Dados importantes mostram que durante a perimenopausa, a maioria das mulheres se sente menos feliz. Após a menopausa, a satisfação com a vida tende a se manter baixa por dois a três anos, mas depois aumenta significativamente e permanece alta ao longo do tempo.

Isso sugere que a menopausa afeta a satisfação com a vida principalmente a curto prazo, e a maioria das mulheres se adapta à mudança dentro de alguns anos após a última menstruação. Após esse período, a menopausa deixa de ter um impacto negativo na felicidade, podendo até mesmo levar a mais contentamento.

Esses achados estão alinhados com observações gerais de que a felicidade e a satisfação com a vida seguem uma curva em forma de U: altas na juventude, caem até cerca dos 50 anos (idade média da menopausa) e depois sobem a novos patamares mais tarde na vida. Aos 60 anos, é estatisticamente provável que nunca tenhamos sido tão felizes.

Claro, cada pessoa é diferente, e a experiência individual pode variar por diversos motivos.



 
 
 

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